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Criança 6 anos pode usar smartphone?

Você deve dar ao seu filho(a) um smartphone quando ele(a) entrar no sexto ano da escola? Este é o dilema enfrentado por muitos pais, divididos entre o medo dos riscos associados à internet e a ansiedade de que o seu filho seja deixado à margem.

O seu filho(a), ele(a) diz que  é o único da turma que não tem celular ou smartphone no 6o ano. Isto não é totalmente

falso, mas também não é inteiramente verdade. Embora o acesso aos smartphones esteja a tornar-se cada vez mais precoce,e  tenha certamente aumentado nesses dois últimos anos, é impreciso dizer que “todos têm”.

No entanto, é verdade que no espaço de alguns anos, o smartphone tornou-se o presente da moda.

 

1 O LADO PRÁTICO

 

Inquestionavelmente, é o aspecto “prático” que apela a muitos pais. Seria muito mais fácil de comunicar com seu filho se ele tiver o seu próprio telefone. Pode haver problemas de transporte, mudanças nos horários escolares e seria mais prático. Uma razão que não convence todos os pais, que querem adiar o acesso aos smartphones na escola, por exemplo, podem telefonar de alguma linha fixa quando necessário ou encontram alguma uma forma de nos avisar, através da escola ou do telefone de um dos pais. Por fim, alguns pais e mães acham que não é necessário ter

um iPhone com 5G para fazer uma chamada telefonica e podem dar ao seu filho um telefone ao estilo antigo, ou seja, sem conexão à internet.

O lado prático é também não ter de partilhar o seu próprio telefone com o seu filho a cada vez que ele solicita para ver um video ou post de seus amigos.

Outros pais, por outro lado, preferem ficar de olho nas redes sociais e filtrá-las eles próprios, mesmo que isso signifique interferir nas conversas quando estas se descontrolam.

Um elemento importante na decisão de dar ou não ao seu filho um celular é ter em conta a sua maturidade. Uma criança de 11 anos é suficientemente madura para ver todos os tipos de conteúdos? Suficientemente forte para lidar com observações depreciativas ou imagens humilhantes sem ser profundamente ferida? É madura o

suficiente para saber como discernir um convite malicioso nas redes? Tem formação suficiente sobre o mundo virtual para saber evitar todas as formas de abuso e assédio?

 

2 A NECESSIDADE DE SEGURANÇA

 

O smartphone também tem um lado tranquilizador. A criança pode ser contatada em

qualquer altura e pode telefonar se necessário. Alguns pais chegam ao ponto de

localizar o seu filho por GPS para saber se ele ou ela chegou à escola e que rota tomou.

Já outros pais e mães estão a apostar na confiança, na sua criança e na sociedade.  É isso que realmente os faz

crescer, em vez de chamar mamãe e papai. Uma atitude que, reconhecidamente, exige uma certa dose de desprendimento e de abandono da ilusão de ser capaz de controlar       tudo.

 

3 MEDO DE EXCLUSÃO

 

Será que uma criança será excluída do grupo por não ter um celular? De certa forma,

sim, pois ela não vai estar a par de tudo que acontece com os amigos e amigas via redes

sociais. Mas isso é realmente essencial para ela? É essencial aos seus olhos? As redes

sociais são de fato “o lugar a se estar” e muitos pré-adolescentes interagem nelas dia e

noite. Por medo da exclusão, alguns pais cedem, recordando frequentemente a sua

própria experiência. Para outros, este argumento não tem muito peso no equilíbrio dos benefícios e riscos do

smartphone.

 

4 O MEDO DE SE TORNAR ANALFABETO DIGITAL

 

Outro elemento que entra em jogo quando se pensa em dar ou não um celular é o medo

de transformar o próprio filho num analfabeto digital se ele ou ela não aprender os

meandros das redes desde cedo. Saber procurar alguma informação, gerir o seu e-mail. Isto é o que os espera no futuro, mas outros dizem se ficar ‘zapear’ uma páginas web ou encontrar um vídeo

no YouTube torna uma criança um futuro gênio da tecnologia

5 A QUESTÃO DO TÉDIO

As telas têm uma capacidade excepcional para captar a atenção e, portanto, de manter

as crianças ocupadas durante horas. Alguns pais vêem uma certa vantagem nisso.

Afinal, eles não têm de se preocupar em sair ou brincar, e não têm de se preocupar com

o fato de os seus filhos ficarem entediados enquanto estão no trabalho. Mas outros podem ter uma opinião diferente dizendo que as crianças devem aprender a gerir o seu tempo livre, usando a sua criatividade e imaginação. Não importa se estão entediadas. O melhor a oferecer é a nossa disponibilidade, a nossa escuta, a nossa presença real… longe das telas.

Dr. Carlos
Dr. Carlos
Médico Pediatra formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fez Residência Médica em Pediatria pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira e Paulista de Pediatria. Faz parte do Corpo Clínico dos Hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Santa Catarina.