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Como os vampiros, muitos jovens estão ficando acordados até o amanhecer, compartilhando mensagens, conversando, jogando, vendo vídeos ou navegando em redes sociais. Este fenômeno é conhecido como “vamping” e atrai principalmente os adolescentes para uma espécie de cyber-comunidade noturna. Eles utilizam a hashtag #vamping para serem notados ou interagir com aqueles que, como eles, decidem ficar acordados a noite toda.

Esta prática está presente em várias partes do mundo e teve origem nos Estados Unidos, onde estudos apontaram que “6 em cada 10 adolescentes dizem que, muitas vezes, ficam acordados até as primeiras horas da manhã conversando, com os amigos”. Pesquisas também evidenciaram que 15% dos jovens acordam sistematicamente no meio da noite para verificar as notificações nas redes sociais.

Os motivos que levam os adolescentes ao “vamping” são muitos, mas o denominador comum é sempre o mesmo: a busca de outros e sua aprovação. Manter-se conectado com os outros e comunicar-se com eles, buscar a aprovação entre os pares, dissipar a ansiedade do futuro que os espera, preencher lacunas e tentar neutralizar o desconforto que sentem nesta faixa etária também estão entre os motivos deste fenômeno.

À noite, longe do olhar dos pais, eles experimentam uma dimensão de transgressão e rebeldia contra a autoridade. Mas não apenas isso: alguns jovens desfrutam desse passatempo noturno porque já têm um horário completo entre escola, esportes, dever de casa etc, e têm muito pouco tempo para socializar com seus pares.

O que pode causar nos adolescentes?

Dormir poucas horas à noite causa um distúrbio nos ritmos fisiológicos do organismo, gerando inúmeros efeitos nocivos e perturbadores, tais como:

  • irritabilidade e nervosismo;
  • pouca atenção e interesse no mundo real;
  • fadiga física e emocional;
  • aumento dos níveis de ansiedade;
  • estados de humor depressivos.

Este tipo de prática, portanto, pode causar danos ao desenvolvimento psicofísico do adolescente e afetar negativamente o desempenho acadêmico ou as relações interpessoais. Além disso, o fenômeno “vamping” ocorre à noite, quando as inibições são liberadas e a mente é obscurecida pelo sono e pelo cansaço, o que parece favorecer comportamentos patológicos, como: o sexting, o cyberbullying e a disseminação de material privado na rede.

O que fazer?

A primeira coisa seria criar regras, especialmente para crianças menores, e dar diretrizes precisas sobre o uso de ferramentas digitais. É necessário estabelecer quanto tempo e como nossos filhos podem permanecer livremente conectados.

A família e as instituições educacionais desempenham um papel fundamental no treinamento dos jovens para o uso consciente da tecnologia Portanto, devemos:

  • educar as crianças quanto à tecnologia desde cedo, com regras precisas sobre o tempo e as modalidades de consumo de TV, smartphones, videogames e a internet;
  • dar às crianças o espaço necessário para uma socialização adequada, ou seja, tempo livre com os amigos;
  • estar qualitativamente presente durante a adolescência de seus filhos, a fim de ser um ponto de referência em caso de dúvidas e necessidades.

 

Dr. Carlos
Dr. Carlos
Médico Pediatra formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fez Residência Médica em Pediatria pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira e Paulista de Pediatria. Faz parte do Corpo Clínico dos Hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Santa Catarina.