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Todas as telas, smartphones, tablets, Pcs, notebooks e TVs podem causar dependência

Atualmente 4 bilhões de pessoas possuem um smartphone, e o tiram mais de 200 vezes do bolso por dia, fora o uso de também de tablets, notebooks e outros aparelhos.

Falando especificamente dos smartphones, as pessoas vivem grudados nesses aparelhos pois são úteis e divertidos e podemos levar a todos os locais. Mas o que pouca gente sabe é que por trás dos ícones coloridos e apps de nomes engraçadinhos, as gigantes da tecnologia fazem um esforço consciente para nos manipular, usando recursos da psicologia, da neurologia e até dos cassinos.  O smartphone é tão viciante quanto uma máquina caça-níqueis que é o jogo que causa mais dependência, até quatro vezes mais que qualquer outro jogo de apostas.  Se diz atualmente que a internet é a maior máquina de persuasão e vício já construída.

Várias pesquisa já mostram que as pessoas já estão mais dependentes do que imaginavam e uma pesquisa aqui no Brasil, mostra que 30% das pessoas disseram que tem problemas com o uso excessivo, como dificuldade de concentração e insônia e 32%  das pessoas já tentaram maneirar seu uso sem sucesso.

As pessoas nem percebem, mas boa parte delas, estão com a cara enfiada na tela nos momentos mais impróprios como  quando atravessam a rua, dirigindo, , na praia, num show, etc. Está havendo um sequestro da atenção, da consciência, da perspectiva da pessoa se conectar com o mundo a sua volta segundo diz um psicólogo do Grupo de dependência tecnológica do Hospital das Clínicas da USP.

Estudos mostram que o uso excessivo de smartphone está ligado a um aumento das taxas de ansiedade, de depressão e déficit de atenção, inclusive com alterações na estrutura do cérebro.  Os sintomas começam a se manifestar quando a pessoa gasta mais de 3 horas por dia no celular e o brasileiro já gasta em média 3 horas e 10 minutos em média segundo pesquisa realizada aqui.

Através de um fenômeno chamado de programação variável de recompensas,  há uma maior liberação de dopamina mesmo quando não há eventos benéficos que nos dê prazer como acontece com a nicotina e a cocaína. E na verdade, há uma maior liberação de dopamina na antecipação do prazer e na incerteza de conseguir a meta e as empresas sabem disso e dão uma pequena dose de dopamina quando você vê que alguém gostou ou comentou algo sobre sua postagem.

O que as empresas querem de você é a sua atenção! E cada vez mais apps são criados e novos mecanismos para prender sua atenção e viciarem ainda mais. Quais são os mecanismos e estratégias para gerarem compulsão? São eles:  as notificações pois saltam a tela e chamam sua atenção; recompensa variável, pois você nunca sabe o que vai aparecer no app e isso gera ansiedade e curiosidade; gamificação, utilizando pontos ou recompensas para você ficar mais tempo no app; ilusão de controle quando você rola a tela para baixo como se fosse na máquina caça níqueis; timeline algorítmica quando o algoritmo escolhe o que você vai ver e não é você quem escolhe e isso gera compulsão pois a pessoa não quer correr o risco de perder nada.

Todas as empresas utilizam esses mesmos recursos para viciar você, Facebook, Instagram, Youtube, Netflix entre outros . Não há nenhum bonzinho, pois todas elas querem é o lucro pois são capitalistas.

A internet tem um conteúdo infinito para escolher; podemos  assistir a entretenimentos em telas de todos os tamanhos, conversar por vídeo, interagir anonimamente graças a avatares, participar de protestos pela internet, apoiar causas ou criticar políticos… No entanto, as pessoas estão  tendo dificuldades para fazer amigos.

Estudo mostra que a maioria das pessoas fazem amizades em locais de trabalho , em escolas , isto é, a presença física e as interações reais são importantes e não as virtuais, levando como vimos anteriormente a solidão, ansiedade, depressão e que afeta a formação de famílias.

Podemos estar viciados em nossos smartphones, mas não podemos ser escravos deles. O que podemos fazer então para retomar o controle?  Desligue as notificações dos aparelhos, use ferramentas do celular para ver quanto tempo estamos passando no smartphone e restringir seu uso bloqueando e limitando o uso dos apps.

Dr. Carlos
Dr. Carlos
Médico Pediatra formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fez Residência Médica em Pediatria pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira e Paulista de Pediatria. Faz parte do Corpo Clínico dos Hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Santa Catarina.