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Todos os pais e mães têm o desejo de melhorar o relacionamento com seu filho e ao mesmo tempo estimular seus talentos e potencialidades.

A música é sem dúvida, uma solução fácil e disponível para desenvolver habilidades musicais e outras áreas também.

No artigo anterior (Estimulando bebês em casa através da música- Parte 1), falamos sobre a importância de utilizar fantoches e dedoches nas histórias cantadas, pois possibilita uma maior interação da criança com a proposta sugerida.

As primeiras canções são simples, tendo os gestos um papel muito importante para estabelecer a comunicação entre o som e o movimento. Os gestos com bebês, não devem ser muito variados em uma mesma canção, evitando assim muito acúmulo de informações. A canção “Fui morar numa casinha”, por exemplo, atrai a atenção das crianças, por ter elementos surpresas, contar uma historinha e ao mesmo tempo ter uma parte gestual que pode ser explorada.

A matéria-prima da música é o som, portanto, trabalhar com histórias sonorizadas são sempre um meio eficiente e divertido de promover a aprendizagem.

Escolha histórias com temas na qual é possível retratar o ambiente sonoro da cena. Histórias com animais estão entre as prediletas dos bebês e crianças da educação infantil, mas explore temáticas diferentes como sons do campo, da praia, dos meios de transportes, diversificando as fontes sonoras, utilizando objetos do dia-a-dia e instrumentos musicais. As histórias devem ser bem sucintas, porém com muita expressividade, para não ficar cansativo aos pequeninos. Os sons do ambiente, quando contextualizados em uma história, tornam a experiência mais significativa e prazerosa. Imite, por exemplo, o som do patinho quando este aparecer, cante uma música que você conheça que seja curtinha sobre “pato”, utilize gestos e expressões corporais, imite o som do pato nadando na lagoa, enfim, use a criatividade para revelar diferentes ambientes sonoros através da história, treinando assim a percepção auditiva e a imaginação da criança.

São atividades simples, porém eficientes, que oportunizam uma exposição sonora que irá introduzi-lo no convívio social.

Observe também as canções que seu filho mais gosta de cantar e pense em formas diferentes de brincar. Todos os momentos podem se tornar educativos enquanto interagimos com o bebê que, assimila tudo o que vivencia. Durante o banho, por exemplo, é importante agir de forma afetiva, conversando com a criança, nomeando as partes do corpo, cantando, brincando com ela, utilizando bonecos de borracha, livrinhos próprios para serem utilizados no banho, com o objetivo de estimular a linguagem, o contato físico/afetivo e a memória musical. Existem hoje no mercado, CDs com repertórios específicos para essa faixa etária. É muito interessante conversar com um professor de música e pedir indicação de bons materiais. Temos excelentes profissionais que compuseram jogos cantados para estimular os bebês e brincar com os pequeninos. Muitos destes CDs acompanham livro ensinando as brincadeiras, tornando as experiências cotidianas mais ricas e prazerosas. Não se esqueça que o ambiente musical no qual ele estiver inserido desde sua infância de uma forma prazerosa, irá afetar diretamente seu gosto musical no futuro e o repertório que terá prazer em prestigiar na fase adulta. Portanto, uma ajuda profissional fará toda a diferença.

Apresentar instrumentos de percussão (chocalhos pequenos e leves, clavas, tambores) para que os bebês possam explorar ou acompanhar as canções, também desenvolve a coordenação fina dos membros superiores, além de, estimular a fala e a percepção para os instrumentos musicais. Os mais adequados, são os da pequena percussão, pois são leves, tem um som curto e preciso, facilitando o trabalho do desenvolvimento da pulsação na música, que é o primeiro aspecto da rítmica a ser estimulada com crianças pequenas. Até os 2 anos principalmente, as crianças costumam levar tudo o que pegam na boca (fase oral), portanto, é muito importante que os instrumentos e objetos utilizados na atividade estejam limpos, não possam ser engolidos e ofereçam segurança ao bebê. Explore tocando com músicas de diferentes estilos, toque seguindo o pulso musical seguindo o andamento da canção, toque mais forte, mais fraco, em cima, embaixo, etc.

Os momentos que antecedem à hora de dormir, devem ser momentos prazerosos e a música também é uma grande facilitadora deste processo. As canções de ninar podem ser usadas para relaxar, tocar e trazer proximidade, além de fazer com que a criança de sinta amparada e cuidada de acordo com a letra da canção.

A mamãe pode, por exemplo, escolher músicas de ninar que tenham uma melodia agradável e uma letra apropriada. Canções como “Boi da cara preta”, “Bicho papão”, foram canções feitas pelas mucamas na época da escravidão e que cuidavam muitas vezes dos filhos dos seus senhores sem a menor afetividade. Por serem curtas e terem andamento lento, foram passando de geração em geração, mas existem canções bem mais apropriadas para estimularem o sono do seu bebê do que estas, que se formos analisar a letra, mais parecem canções de terror.

Um exemplo outro exemplo de atividade simples que acalmam os bebês e que proporcionam momentos agradáveis entre mãe e filho, é a massagem relaxante com fundo musical. A mamãe pode acariciar o corpinho do bebê lentamente, nomeando cada parte, o beijando, etc., enquanto o prepara para a hora de dormir. O uso de texturas diferentes, como lã, bolinhas de algodão, bichinhos de látex, promovem um interesse especial no momento destinado às massagens, sempre conectadas à música. Pincéis com cerdas macias (pincéis de blush, por exemplo), quando passados em cima das sobrancelhas e ao redor do seu rostinho, o acalmam e o preparam para o sono.

As famílias certamente se beneficiam trazendo a música, sempre que possível, ao convívio familiar. Através dela, você pode expressar seu amor, ensinar conteúdos de forma lúdica e estreitar ainda mais os laços familiares. A música é terapêutica e é um canal muito importante para entrar em contato com seu filho de forma natural, além de prepará-lo para o mundo, reforçando sua auto-estima, sua sensibilidade e percepção auditiva, criando um ambiente mais feliz e agradável. Um verdadeiro presente de amor!

 

 

 

 

 

Dr. Carlos
Dr. Carlos
Médico Pediatra formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fez Residência Médica em Pediatria pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira e Paulista de Pediatria. Faz parte do Corpo Clínico dos Hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Santa Catarina.